SOCIOLINGUÍSTICA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE LP: ASPECTOS DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA EXISTENTE

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
SOCIOLINGUÍSTICA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE LP: ASPECTOS DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA EXISTENTE
Autores
  • Danielle Soares da Silva
  • Sinthia Moreira Silva
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 34 - Estudos dialógicos do discurso e Ensino da Língua Materna e Estrangeira
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/435722-sociolinguistica-e-suas-contribuicoes-para-o-ensino-de-lp--aspectos-da-diversidade-linguistica-existente
ISSN
Palavras-Chave
Língua Portuguesa, Sociolinguística, Variação linguística.
Resumo
SOCIOLINGUÍSTICA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE LP: ASPECTOS DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA EXISTENTE SILVA , Danielle Soares da Mestranda do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Cognição e Linguagem da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) danielle250394@gmail.com SILVA, Sinthia Moreira Mestranda do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Cognição e Linguagem da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) sinthia_moreira@hotmail.com INTRODUÇÃO A sociolinguística é relação entre o aspecto social e a língua. Estudos linguísticos até a década de 60 foram marcados pela perspectiva estrutural, sem preocupação em relacionar língua à sociedade. A partir dos estudos de Labov, passou-se a investigar a produção linguística relacionada a fatores, dentre os quais o social tem sua relevância validada. A língua só é língua enquanto uso. O uso modifica-se quanto à falante, sociedade e contexto. As variações ocorrem em virtude de tempo, estilo, região, status social, contextualidade – razões que levam Antunes (2007, p. 24) a afirmar que língua é parte de cada usuário, da identidade cultural, histórica e social. É por meio dela que os humanos socializam e desenvolvem seu sentimento de pertencimento a um grupo. Diante do exposto, objetiva-se refletir sobre alguns conteúdos que envolvem a variação linguística na LP, ao desconstruir a noção de homogeneidade. Para atingir tal propósito, num primeiro momento, faz-se uma abordagem generalizada sobre LP, gramática, língua, modalidades falada e escrita, para, num segundo momento, trazer à reflexão informações basilares sobre estudos linguísticos e, na sequência, discutir o ponto chave deste estudo: variações linguísticas como condição sine qua non de sustentação e patrimônio da LP. 1. Fundamentação teórica Para realização da pesquisa consideraram-se contribuições de fontes teóricas apresentando reflexões sobre conteúdos que envolvem a variação linguística na LP. Segundo Rajagopalan (1998, p. 41): “a identidade de um indivíduo se constrói na língua e através dela”, o que, nas palavras de Orlandi (2002, p. 203), “ao significar, nos significamos, e é nisto que consiste os processos de identificação”. Dessa forma, quando se fala, muitas marcas que estão presentes no próprio indivíduo são passadas, algo que na escrita não é tão evidente. A linguagem verbal é matéria do pensamento e veículo da comunicação social. Assim como não há sociedade sem linguagem, não há sociedade sem comunicação. Tudo o que se produz como linguagem ocorre em sociedade, para ser comunicado e, como tal, constitui uma realidade material que se relaciona com o que lhe é exterior, com o que existe independentemente da linguagem. Nos anos 1920, o francês Antoine Meillet e os russos Marr e Bakhtin já enfatizavam o aspecto social e evolutivo da língua, o que implica a variação motivada especificamente por fatores sociais. Assim afirma Meillet (1921, apud Calvet, 2002, p. 16): “Por ser a língua um fato social resulta que a linguística é uma ciência social, e o único elemento variável ao qual se pode recorrer para dar conta da variação linguística é a mudança social”. Enquanto, de um lado, Saussure concebe a língua (langue = sistema de signos) como abstrata, singulariza as abordagens sincrônica e diacrônica; de outro lado, Meillet integra fatores extralinguísticos à língua, une fatores estruturais e histórico-sociais. O estudioso Willian Labov, desenvolveu a teoria variacionista, mostrando como aspectos sociais, entre eles, idade, sexo e ocupação influenciam o sujeito na fala. A relevância dos estudos de Labov está ligada a aspectos que eram negligenciados pelas teorias estruturalistas e gerativistas. Para ele, “Existe uma crescente percepção de que a base do conhecimento intersubjetivo na linguística tem de ser encontrada na fala — a língua tal como usada na vida diária por membros da ordem social, este veículo de comunicação com que as pessoas discutem com seus cônjuges, brincam com seus amigos e ludibriam seus inimigos” (LABOV, 2008, p. 13). 2. Resultados alcançados Os resultados obtidos encontram-se registrados nas seções em que foi estruturado o artigo, resumidamente apresentadas abaixo: 1. Língua: Considerações gerais Descendente do latim vulgar falado no Império Romano, a LP foi trazida para a Lusitânia pelos soldados romanos durante a expansão do Império. “A cada conquista, [os romanos] impunham aos vencidos seus hábitos, suas instituições, os padrões de vida e a língua” (PORTAL SÃO FRANCISCO, 2019), o que não foi diferente com o processo de invasão de toda a Península Ibérica, que se fez acompanhar da sobreposição de sua cultura. Sendo a língua um dos principais sinais de dominação, o latim foi propagado e estabelecido nos territórios adquiridos. Convém assinalar que, como forma de controlar determinada língua contra desaparecimentos, ou controlar interesses mais amplos que vão além da mera preservação da língua, dentre os quais interesses políticos, econômicos e sociais – surgiu a gramática (ANTUNES, 2007). Numa outra perspectiva, nada melhor do que utilizar a linguagem como forma de dominação. 2. Estudos da Sociolinguística A sociolinguística estuda a língua em seu uso real, viva. Conforme Antunes (2009, p. 25), “O que existe é língua que muda, que varia, que incorpora novos sons, novas entonações, novos vocábulos, que altera seus significados, que cria associações diferentes, que adota padrões sintáticos novos, sobretudo quando essa língua é exposta a variadas situações de uso, a outras interferências culturais”. Por isso, importam para os estudos sociolinguísticos as relações entre a estrutura linguística e os aspectos socioculturais da formação linguística, sendo a língua uma instituição social, estando presente em todos os contextos sociais da vida humana e, com isso, não pode ser pesquisada como estrutura autônoma, independente do contexto situacional. Por ser a língua falada o objeto de estudos da sociolinguística, o fato sociolinguístico é aquilo que trata das características da fala. Como a linguagem se processa no centro da sociedade (pois desde que se nasce inicia o uso da linguagem), observa-se que há na fala uma variedade muito grande em cada comunidade de fala, a qual, nas palavras de Alkmim (2005, p. 31), trata-se de um “conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de normas com respeito aos usos linguísticos”. As comunidades dos falantes formam sociedades complexas, hierarquizadas e heterogêneas (LABOV, 2008). Enfim, o objeto de estudo da sociolinguística se concentra na análise da diversidade da fala. Assim, a sociolinguística – ocupada da relação língua/fala e do estudo estrutura/evolução da linguagem no contexto social da comunidade de fala – toma como ponto de partida a variação e as mudanças pertinentes às línguas. 3. Variação Linguística Nos pressupostos labovianos afirma-se ser a variação um atributo inerente às línguas e, por conseguinte, à noção de heterogeneidade – o que não significa um caos linguístico; pois a heterogeneidade se manifesta (embora pareça um paradoxo) organizada/sistematizadamente, já que os falantes se entendem em seu meio permeado de matizes linguísticos, de heterogeneidades estruturadas, que comportam regras categóricas ao lado de regras variáveis que podem ser explicadas. Essa variação sistemática – que nada mais é que dizer a mesma informação de outra forma –, para Labov (2008, p. 78), são variantes de uma mesma variável. As variações são muitas e se interpenetram, o que torna às vezes confuso classificar algumas delas num determinado tipo. Essa correlação de natureza interna/externa ocorre tanto no nível micro (contato cotidiano nos grupos de interação e identificação) quanto no nível macro (estratificação social mais ampla). “A análise da comunicação em uma família, por exemplo, parece mais ‘macro’ que do idioleto de um falante e mais micro que a de um bairro ou de uma cidade, que por sua vez é mais ‘micro’ que a análise da situação sociolinguística de uma região ou de um país” (CALVET, 2002, p. 123-124). Afinal, a língua é um produto social, que determina a identidade do indivíduo dentro de uma sociedade. “Uma vez adquirida pela criança, a língua se firma profundamente em sua cognição, e tudo o que esse indivíduo vai fazer pelo resto da vida é aprofundar ainda mais o seu conhecimento” (BAGNO, 2014, p. 61). Conclusões É evidente a variação linguística em qualquer sociedade/comunidade de fala. É uma diversidade de falares que nasce a partir de fatores externos e que reflete em aspectos socioculturais. A complexidade social que envolve os falantes gera os mais diversos tipos de variação linguística, em especial quando se considera a discrepância de fala entre aqueles que tiveram acesso à educação formal e aqueles cuja está lhe fora negada. Além disso, evidenciou-se a variação linguística gerada de uso em consonância com os distintos papéis que um mesmo falante assume em cada situação de fala. As reflexões em qualquer ângulo do fenômeno variação linguística apontam para características enriquecedoras da língua, trazem à baila a pluralidade cultural do Brasil, evento que precisa ser trabalhado para realçar a riqueza da diferença e não o preconceito linguístico. Referências bibliográficas ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática: por um ensino sem pedras no caminho. São Paulo: Parábola, 2007. ______. Língua, Texto e Ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola, 2009. BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é? Como se faz. São Paulo: Loyola, 1999. ______. Língua, linguagem, linguística: pondo os pingos nos ii. São Paulo: Parábola, 2014. LABOV, William. Padrões sociolinguísticos, p. 13-18. Trad.: Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre, Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola, 2008.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Danielle Soares da; SILVA, Sinthia Moreira. SOCIOLINGUÍSTICA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE LP: ASPECTOS DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA EXISTENTE.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/435722-SOCIOLINGUISTICA-E-SUAS-CONTRIBUICOES-PARA-O-ENSINO-DE-LP--ASPECTOS-DA-DIVERSIDADE-LINGUISTICA-EXISTENTE. Acesso em: 27/04/2025

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