Acolhendo Em Parelheiros: Um Percurso Orgânico Em São Paulo

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Título do Trabalho

ACOLHENDO EM PARELHEIROS: UM PERCURSO ORGÂNICO EM SÃO PAULO

Autores

Ederon Borges Marques

Modalidade

Resumo Expandido e Trabalho Completo

Área temática

GT 12 - Outros olhares sobre o turismo: resistências possíveis a práticas hegemônicas

Data de Publicação

23/12/2021

País da Publicação

Brasil

Idioma da Publicação

Português

Página do Trabalho

https://www.even3.com.br/anais/xc22021/437363-acolhendo-em-parelheiros--um-percurso-organico-em-sao-paulo

ISSN

Palavras-Chave

Agroturismo Comunitário, Associativismo, Diagnóstico Participativo

Resumo

Introdução Esta pesquisa visa apresentar o histórico do coletivo Acolhendo em Parelheiros, localizado em território rural do extremo sul da cidade de São Paulo, surgido no início de 2017 e recém institucionalizado na forma da Associação Acolhida São Paulo, em 17/03/2021. Tem como objetivo geral compreender como unidades familiares de produção agrícola e projetos sociais se articulam para composição de um roteiro de Turismo de Base Comunitária - TBC, bem como as possibilidades, os desafios e os impactos desta ação coletiva no enfrentamento de assimetrias sociais que visam impactar positivamente, interna e externamente, a imagem e o próprio território de Parelheiros. A primeira etapa consiste em investigar os processos colaborativos estabelecidos no projeto Acolhendo em Parelheiros, quais os papéis de seus integrantes e como organizam esses processos, por meio de entrevistas semi-estruturadas e uso da técnica de História Oral. Em seguida, pretendemos analisar os contextos de trocas de experiências, de criação e inovação, a partir do registro das atividades regulares. 1. Fundamentação teórica A história e a organização da Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia, iniciativa surgida em Santa Catarina, que há 22 anos promove o agroturismo como alternativa de renda não agrícola em propriedades rurais, foram referências para a implementação do Acolhendo em Parelheiros em São Paulo. Com a tutela de membros da Acolhida na Colônia e do IBEAC, o grupo foi se constituindo desde as primeiras reuniões a partir da compreensão dos princípios básicos da proposta catarinense com relação à opção pela agroecologia e pelo turismo comunitário. A metodologia do Diagnóstico Participativo, sistematizada e testada pela Acolhida na Colônia em mais de 20 anos de atividades, receberá atenção especial nesta pesquisa porque evidencia a transitoriedade, a participação democrática e a autonomia das atividades de implementação e gestão do coletivo. As mudanças que ocorrem nos espaços e nas relações de trabalho indicam novas formas e possibilidades de organização social, que incluem a discussão e aprovação de um caderno de normas e a assinatura de um termo de compromisso que permite a utilização do selo da Acolhida na Colônia. O Diagnóstico Participativo, marca da metodologia cunhada pela Acolhida na Colônia e reconhecida como Tecnologia Social pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em 2014, consiste em reuniões que "acontecem em cada uma das propriedades que apresentam interesse em integrar a Acolhida na Colônia. A propriedade é visitada por um grupo de agricultores associados e técnicos da associação com o intuito de identificar os seus pontos fortes e pontos fracos, de modo a orientar o dono da mesma na implementação e desenvolvimento de atividades turísticas." (GUZZATTI, 2010, p. 252) O Acolhendo em Parelheiros, enquanto projeto de turismo de base comunitária (TBC), destaca-se pela inclusão de iniciativas não agrícolas, definindo outras localidades de interesse no mesmo território e criando mais que um circuito: uma economia local também se configura com a participação ativa dos membros com seu trabalho, saberes e produtos, nos eventos promovidos e na organização do receptivo aos grupos de turistas. Cabe ressaltar, como base teórica, que "a divisão do trabalho pode, também, ser vista como um processo pelo qual os recursos disponíveis se distribuem social e geograficamente. Os recursos do mundo constituem, juntos, uma totalidade. Entendemos, aqui, por recurso, a toda possibilidade, material ou não, de ação oferecida aos homens (indivíduos, empresas, instituições). Recursos são coisas, naturais ou artificiais, relações compulsórias ou espontâneas, ideias, sentimentos, valores. É a partir da distribuição desses dados que os homens vão mudando a si mesmos e ao seu entorno. Graças a essa ação transformadora, sempre presente a cada momento, os recursos são outros, isto é, se renovam, criando outra constelação de dados, outra totalidade." (SANTOS, 2004, p. 132) A partir da observação participante, serão investigados processos de gestão de um conjunto de membros do coletivo do qual faz parte este pesquisador, o Acolhendo em Parelheiros, que congrega alguns projetos sociais e pequenas propriedades agrícolas familiares da região por meio do turismo comunitário, com o propósito de qualificar as produções resultantes desses processos, como suas criações, intercâmbios e atividades conjuntas entre seus membros, tanto em seu valor específico enquanto roteiro turístico quanto como parte importante para a consolidação do projeto coletivo. 2. Resultados alcançados Esta proposta de investigação busca explorar a experiência, ainda em fase de aperfeiçoamento e implementação, do coletivo Acolhendo em Parelheiros, localizado em território rural da cidade de São Paulo, acompanhando, registrando e avaliando a aplicação da metodologia desenvolvida pela Associação de Agricultores Acolhida na Colônia (Santa Catarina, Brasil), embasada em princípios de solidariedade, participação, cooperação e construção social. Em um primeiro momento, o projeto Acolhendo em Parelheiros foi orientado para se desenvolver nas áreas rurais do extremo sul da cidade de São Paulo, em pequenas propriedades agrícolas localizadas principalmente no bairro de Parelheiros. Um grupo inicial formado por seis propriedades de agricultoras/es familiares foi arregimentado no final de 2016 entre as/os participantes da Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa da Região Sul de São Paulo (COOPERAPAS), criada em 2011, que à época contava com 34 membros. Expandiu-se com a integração de novos membros que já participavam das ações do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), principal organização gestora, como a Biblioteca Caminhos da Leitura criada em 2009, o Espaço CPCD - Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento criado em 2013 e a AMARA Empreendimento Econômico e Solidário criado em 2017. Conclusões Em um contexto atual de pandemia, provocada pelo coronavírus, questões relacionadas a saúde ganham destaque, evidenciam diversas desigualdades sociais e reforçam estigmas de vulnerabilidade das regiões periféricas. Integrando-se ao território ao associar-se a outros movimentos locais e assim valorizando-o através de uma proposta de TBC na agricultura familiar, voltada à produção de alimentos orgânicos, livres de agrotóxicos, o projeto Acolhendo em Parelheiros mostra-se importante não apenas para o bairro e para a cidade, mas como uma proposta antagônica ao turismo tradicional, que promove a saúde ao destacar a relevância da alimentação saudável. Os resultados indicam até o momento que, de fato, a iniciativa tem impacto relevante na melhoria da imagem da região. Neste momento em que previsões de retorno da atividade turística destacam destinos próximos e pequenos grupos, tal interesse temático aliado a práticas de mínimo impacto tem grande valor educacional como formação cidadã. Referências bibliográficas FALS BORDA, O. Acción y conocimiento: Cómo romper el monopolio con la investigación acción participativa. Bogotá: CINEP, 1991. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. São Paulo: São Paulo: Paz e Terra, 1992. GUZZATTI, T. C. O agroturismo como elemento dinamizador na construção de territórios rurais: o caso da Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia em Santa Rosa de Lima (SC). 2010. 283 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Geografia do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. INGOLD, Tim. Antropologia e/como educação. Trad. Vitor Emanuel Santos, Leonardo Rangel dos Reis. Petrópolis, RJ: Vozes, 2020. (Col. Antropologia) MEIHY, J. C. S. B. (Org). (Re) Introduzindo a história oral no Brasil. São Paulo: Xamã, 1996. SADER, E. Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo. São Paulo: Paz e Terra, 1988. SANTOS, Boaventura de Sousa. (Org.). Produzir para viver: os caminhos da produção não capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 4a. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2002. VEIGA, J. E. da. Cidades imaginárias: o Brasil é menos urbano do que se calcula. Campinas, SP: Autores Associados, 2002.

Título do Evento: 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora: Even3
Meio de Divulgação: Meio Digital

Como citar

MARQUES, Ederon Borges. ACOLHENDO EM PARELHEIROS: UM PERCURSO ORGÂNICO EM SÃO PAULO.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/437363-ACOLHENDO-EM-PARELHEIROS--UM-PERCURSO-ORGANICO-EM-SAO-PAULO. Acesso em: 27/04/2025