Arquitetura Neocolonial: Balanço crítico e novas perspectivas

Arquitetura Neocolonial: Balanço crítico e novas perspectivas

online Largo de São Francisco - São Paulo - São Paulo - Brasil
presencial Com transmissão online

Apresentação



Evento organizado pelo Grupo de Pesquisa sobre Arquitetura Neocolonial (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, FAU-USP) em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (PROLAM-USP).



Por muito tempo considerado um fenômeno efêmero e culturalmente pouco relevante, o Neocolonial - a vertente arquitetônica que emergiu no início do século XX a partir da campanha em prol da valorização da arquitetura colonial brasileira, lançada por Ricardo Severo em 1914 – tem passado por um amplo processo de reavaliação, conforme demonstram estudos recentes a respeito (PEIXOTO, 2022). A arquitetura neocolonial começou a se configurar a partir das propostas enunciadas por Severo em duas conferências principais, ambas sob o título A Arte Tradicional no Brasil, que, em linhas gerais, demonstravam a qualidade e a adequação da arquitetura de origem portuguesa ao Brasil, o que a legitimaria como a principal fonte de inspiração para a arquitetura contemporânea, como alternativa à indiscriminada importação de estilos “alheios à nossa tradição”.

 

O debate cultural que vem a se desenrolar ao longo dos anos de 1920 no Brasil -, momento de maior voga do neocolonial - é, em contrapartida, revestido de grande complexidade. Esse período marca um momento de transição, sobretudo à luz da disputa em torno da pauta da identidade nacional, o que contribui para na construção de um maniqueísmo anacrônico que, em certa medida, ainda prevalece nos estudos a respeito do tema, principalmente no que tange às manifestações arquitetônicas do início do século XX: coloca a arquitetura neocolonial em posição de antagonista à arquitetura do Movimento Moderno. Essa disputa, bem como o prestígio do modernismo no campo cultural brasileiro, relega ao neocolonial, historicamente, um olhar desfavorável que prejudica sua compreensão e limita a leitura de suas contribuições.

 

Os intelectuais modernistas, representados na figura de Lucio Costa, também se vinculam ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), criado em bases provisórias em 1937, dentro da estrutura do mesmo MESP. É interessante verificar que, em suas atividades junto ao novo órgão, Costa orientou-se por princípios oriundos do ideário neocolonial (PINHEIRO, 2022). A produção sistemática de conhecimento sobre arquitetura brasileira no âmbito do SPHAN veio dar continuidade e aprofundamento àqueles primeiros e incipientes estudos e registros realizados na década de 1920 pelos adeptos do Neocolonial. Muitos dos funcionários do Serviço, aliás, passam a integrar o quadro docente dos recém-criados cursos superiores de arquitetura. Dessa forma, começa a esboçar-se uma historiografia da arquitetura brasileira que incorpora as premissas elaboradas no âmbito do movimento Neocolonial, ao mesmo tempo que recusa a produção arquitetônica dele resultante.

 

Nossa proposta, portanto, problematiza o estabelecimento de parâmetros rígidos de qualidade arquitetônica a serem obedecidos tanto na produção arquitetônica em geral, como na seleção dos exemplares merecedores de preservação, que dominou durante muitas décadas o ambiente cultural brasileiro – e que tem na historiografia da arquitetura brasileira do século XX um de seus principais instrumentos de afirmação e controle. Diante da problemática acima delineada, o evento proposto pretende colocar em pauta o debate sobre esta controversa vertente arquitetônica, resgatando sua contribuição para o debate arquitetônico brasileiro contemporâneo, e seu impacto na prática preservacionista levada a cabo pelo SPHAN.

 

A reavaliação da arquitetura neocolonial, em uma perspectiva historiográfica, começa sobretudo ao final do século XX, marcada por escassas iniciativas de reflexão, como “Quatro séculos de arquitetura” de Paulo Santos (1977), de breve abordagem sobre a temática, cuja leitura do neocolonial como “movimento”, porém, é genuinamente pioneira. Nos anos 1990, por sua vez, há a publicação antológica organizada por Aracy Amaral e publicada em 1994, “Arquitectura Neocolonial: América Latina, Caribe, Estados Unidos”, a primeira publicação que se concentra sobre o neocolonial. A publicação explora, para além do tema em si, repercussões regionais que se difundem pelos contextos latino-americanos. Esses trabalhos têm uma repercussão imediata reduzida no que concerne à valorização do neocolonial em si, mas conduzem indiretamente a novas leituras que despontam ao início do século XXI e, de fato, aprofundam a compreensão do neocolonial no campo de estudos. Nos parece oportuno realizar este evento agora, na década de 2020, marcando não só os cem anos do apogeu do neocolonial no Brasil, mas também os 30 anos da publicação antológica da professora Aracy Amaral.

 

Em uma perspectiva análoga àquela da antologia de Aracy Amaral (1994), o evento pretende também trabalhar o papel do neocolonial no fomento de vínculos além-fronteiras, tendo em vista suas articulações não apenas com Portugal - de onde vieram as motivações iniciais, enunciadas por Ricardo Severo - como também junto ao continente americano, com ênfase na América Latina. Os intercâmbios aconteceram num contexto propiciado por intelectuais hispano-americanos que procuravam desvelar, desde meados da década de 1910, as realidades complexas, ora compartilhadas ora particulares, dos países que representavam; assim como pela constituição de espaços interamericanos de interação profissional. Nesse ambiente, no qual a discussão sobre identidade foi proeminente, e a arquitetura um dos meios para construí-la e reivindicá-la, inúmeros paralelos e pontos de encontro podem ser traçados entre o Brasil e os outros países da América Latina. Nas três primeiras décadas do século XX, independentemente da matriz colonizadora que separava essas realidades, se identifica a semelhança das ideias que fundamentam o pensamento neocolonial tanto na América espanhola como no Brasil. Nesse sentido, a vertente arquitetônica neocolonial promoveu interlocuções que ultrapassaram os limites nacionais, facilitando o trânsito das peculiaridades dos vários contextos, que acabaram por permear as produções dos países em diálogo. O Neocolonial se apresenta, dessa forma, como mediador que permitiu a constituição de circuitos de circulação de ideias e indivíduos que respondiam a interesses ora comuns, ora específicos. Assim, além de reavaliar a contribuição do Neocolonial para a renovação da historiografia da arquitetura brasileira, e de seu impacto na política preservacionista implementada pelo SPHAN, também faz parte dos objetivos do evento aprofundar o conhecimento de sua dimensão como movimento transnacional.



***


Eixo 01. FORMAÇÕES, CIRCULAÇÕES E CONEXÕES:  visa discutir a formação dos agentes envolvidos no Neocolonial como um marco de discussão identitária, bem como sua contribuição para os diversos campos da cultura, a mencionar: a história da arquitetura brasileira e americana, a literatura, a arte, as artes aplicadas e demais áreas relacionadas. Visa explorar como se dá o universo das conexões inter-regionais e internacionais do Neocolonial em uma perspectiva ibero-americana, seus diálogos e reverberações. 

Eixo 02. MONUMENTALIZAÇÕES:  discute a preservação do Neocolonial tanto em sua dimensão física – como bem arquitetônico reconhecido e patrimonializado -, como em seu legado imaterial, em sua trajetória permeada por apagamentos e reavaliações. 

Eixo 03. DISPERSÕES TERRITORIAIS DA ARQUITETURA NEOCOLONIAL: visa apresentar e avaliar a presença concreta da linguagem Neocolonial no território brasileiro e em outros países, discutindo eventuais nuances e especificidades.

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Largo de São Francisco, Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Auditório Rubino de Oliveira.

Comissão organizadora

Profa. Dra. Maria Lucia Bressan Pinheiro (FAU USP)

Profa. Dra. Maria Sabina Uribarren (UNIP)

Profa. Dra. Ana Paula Farah (PUC Campinas)  

Prof. Me. João Paulo de Campos Peixoto (FAU USP - EHESS - França)

Prof. Me. Renan Alex Treft (FAU USP - UniAnchieta)

Comissão científica

Ana Chiarello (FAU UNT)

Ana Clara Gianecchini (UNB)

Ana Paula Farah (PUC Campinas)  

Ana Paula Giardini Pedro (PUC Campinas) 

Anderson Félix de Sá (IPHAN)

Andressa Pazianelli (FAU USP / UFRRJ) 

Anne Capelo (FAU USP)

Beatriz Alves Goulart Rocha (FAU USP)

Cristiane Souza Gonçalves (UPM) 

Daniela Dornfeld (FAU USP)

Deborah Sandes de Almeida (FAU USP - Escola da Cidade)

Denise Geribello (FAU UFU)

Denise Puertas de Araújo (DPH - Prefeitura de São Paulo) 

Dirceu Piccinato Júnior (PUC Campinas)

Eduardo Bacanni Ribeiro (FAU USP)

Fabiane Savino (FAU USP)

Francisco Mamani Fuentes (UBO - Universidad Bernardo O'higgins)

Gustavo Sampaio (FAU USP - UNIP)

Hélio Herbst (UFRRJ)

João Paulo Campos Peixoto (FAU USP - EHESS - França)

Jorge Rivas (Saint Louis Art Museum)

Josiane Cerasolli (UNICAMP)

Laís Amorim (UNIFESP - ENSA Lyon)

Lisbeth Ruth Rebollo Gonçalves (ECA/USP-PROLAM)

Karina Ribeiro de Oliveira (FAU USP) 

Luciana Pelaes Mascaro (UFMT) 

Maria Cristina da Silva Schicchi (PUC Campinas)

Maria Margarida Cintra Nepomuceno (PROLAM)

Maria Lucia Bressan Pinheiro (USP)

Maria Sabina Uribarren (UNIP)

Marília Maria Brasileiro Teixeira Vale (UFU) 

Marcelo Saldanha Sutil (Fundação Cultural de Curitiba)

Mateus Rosada (UFMG)

Renan Alex Treft (FAU USP - UniAnchieta)

Renata Baesso Pereira (PUC Campinas)

Renata Cima Campiotto (IBMEC) 

Rodrigo Sartori Jabour (UFPR) 

Silvia Ferreira Santos Wolff (UPM) 

Vladimir Benincasa (UNESP) 

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