Em sua segunda edição, o Colóquio da Linha de Pesquisa Educação, Culturas e Diversidades do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Amapá convida-nos a “Amazonizar”, conclamando o campo da educação a voltar-se, cada vez mais, às realidades amazônicas, e refundar-se a partir destes marcos culturais, políticos e epistêmicos. Se a escolarização foi instrumento de invasão cultural e de conformação de subjetividades voltadas às sociedades capitalistas, hoje ela é instada a auxiliar nesta tarefa descolonizadora.
Não se trata de inaugurar ou criar um novo
modelo civilizatório, alternativas sistêmicas já existem. Na Amazônia, elas
permanecem existindo, permaneceram apesar do colonialismo, da sanha
imperialista, dos ditos modelos de desenvolvimento, das incontáveis empreitadas
genocidas que continuam a ocorrer sobre seus povos, populações e seus
territórios. Trata-se de reaprender, reorganizar, (re) existir a partir de um
diálogo intercultural com estes sistemas culturais históricos, edificados, inclusive, como resistência ao capitalismo e ao sistema-mundo moderno/colonial.
Neste sentido, amazonizar a educação não
significa, de modo algum, afirmar regionalismos educacionais, mas, na verdade,
denunciar que “histórias locais” foram universalizadas como “projetos globais”,
como reflete Walter Mignolo, através de relações de poder e profunda violência.
Agora, não negando os legados positivos herdados desta tradição histórica,
amazonizar a escolarização conclama a reaprender o significado do que seja
educação e suas finalidades sociais, a partir dos marcadores culturais dos
grupos e populações que foram silenciadas por essas violências.
Amazonizar a educação formal representa
estabelecer um diálogo intercultural crítico com distintas matrizes culturais,
em estrita consonância com as realidades opressoras que historicamente os povos
amazônidas estiveram/estão submetidos, para então refletirmos sobre práticas
formativas que nos permitam, além de compreender os mecanismos de dominação
implementados pelo sistema-mundo moderno-colonial, qualificar-nos à luta
política contra as estruturas opressivas e exploratórias que ainda vigoram, na
radicalidade que ela exige.
O
II Colóquio da Linha de Pesquisa Educação, Culturas e Diversidades do Programa
de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Amapá – PPGED/UNIFAP é um
esforço dos docentes e discentes da linha em contribuir com todo este debate,
discutindo as problemáticas educacionais dos povos, grupos e populações que
formam a Amazônia amapaense, advogando a conformação de processos educativos
interculturais e críticos, a partir da região, e assumindo a produção
científica em educação como um mosaico em que diferentes tradições culturais e
epistemológicas contribuem para a compreensão e transformação da realidade.