Realizados desde 1998, os Simpósios Internacionais sobre Espaço e Cultura se tornaram os fóruns centrais para o debate sobre abordagens culturais na geografia brasileira. A busca por perspectivas críticas e decoloniais vêm alargando a abrangência temática e a relevância política do simpósio, que se tornou um espaço central na formação de redes internacionais de pesquisa. Geógrafos e geógrafas renomados como o britânico Denis Cosgrove, o francês Paul Claval, a canadense Joan M. Schwartz e a argentina Carla Lois, entre muitos outros e outras, participaram de diferentes edições do simpósio, consolidando a UERJ como espaço internacional de trocas acadêmicas sobre cultura e espaço.
Ao longo de suas doze edições os SIECs também receberam muitas pesquisadoras e pesquisadores de todas as regiões do Brasil, povoando as palestras, os grupos de trabalho e os corredores da UERJ com ideias, abordagens e novas perspectivas vindas de muitos cantos do país. Desde 2015, o simpósio passou a adotar a modalidade de GT, intensificando o diálogo sobre temáticas específicas e possibilitando que os estudantes também compartilhem suas pesquisas com professores e colegas interessados no campo. Cada vez mais aberto, interdisciplinar e socialmente relevante, o Simpósio Internacional sobre Espaço e Cultura segue como um espaço fundamental para a renovação metodológica da geografia brasileira.
Trabalhos de Campo
INFORMAÇÕES GERAIS
Os trabalhos de campo do XIII SIEC serão realizados no dia 01 de novembro de 2025. A participação nos trabalhos de campo se dará mediante inscrição e pagamento – ambos realizados na mesa de credenciamento durante o evento. As vagas são limitadas. Os valores arrecadados serão integralmente revertidos para as/os condutoras/es responsáveis pelos trabalhos de campo. O deslocamento das/os participantes aos pontos de encontro de cada roteiro é de responsabilidade das/os próprias/os participantes.
ROTEIROS
Um circuito pela Nova Holanda: conhecendo um pouco da mobilização social e comunitária no conjunto de favelas da Maré, Rio de Janeiro
Inpenhado: Um Olhar Plural sobre a Formação do Subúrbio Carioca a Partir da Penha
Madureira e a herança africana
O Rio de Clarice
Negros passos do Valongo
O Rio de Machado: do cortiço à favela
DETALHAMENTO DOS CAMPOS
1. Um circuito pela Nova Holanda: conhecendo um pouco da mobilização social e comunitária no conjunto de favelas da Maré, Rio de Janeiro
Condutores: Mário Pires Simão, Lino Teixeira
Vagas: 25
Duração prevista: das 09:00 às 13:00
Ementa, objetivos ou roteiro do campo: Desenvolver olhar crítico sobre a produção social do espaço urbano a partir da realidade da Maré, especialmente da comunidade da Nova Holanda, tomando alguns elementos espaciais, tais como habitação, circulação, mobilização social, economia urbana, traços identitários da população, práticas socioculturais, como referência para pensar estes territórios pelo que lhes constitui e não pelas representações hegemônicas que a estes são atribuídas. Roteiro: 1º momento (9:00) - encontro na passarela 10 da Avenida Brasil para seguirmos para o Centro de Artes Bela Maré; 2º momento (9:20) - Conhecendo o BELA MARÉ e o CAM – Centro de Artes da Maré. O Galpão Bela Maré começa em 2011, na Nova Holanda, no Conjunto de Favelas da Maré, como uma iniciativa do Observatório de Favelas, em parceria com a produtora Automática. É um espaço cultural voltado para democratização e difusão de múltiplas expressões artísticas, com ênfase nas artes visuais. O CAM, aberto desde 2009, é um equipamento de difusão das artes e da cultura na região, abrigando a Escola Livre de Dança da Maré. Ali são oferecidos ao público espetáculos de dança, exposições, rodas de conversa e muitas atividades artístico-culturais e sócio-políticas; 3º momento (10:00) - Percurso pela Maré. Neste trajeto, vamos identificando elementos da espacialidade local e correlacionando isso com os conteúdos de geografia. Chegaremos ao Tijolinho, onde encontraremos a Kamilla, uma arte-educadora que faz um trabalho que envolve intervenção urbana e educação; 4º momento (10:30) - Visita a Redes de Desenvolvimento da Maré, organização que atua na Maré em várias frentes; 5º momento (11:30) - Retorno ao Bela Maré, passando pela comunidade Rubens Vaz, observando a questão ambiental na sua relação com as dinâmicas de expansão urbana; 6º momento (12:00) - Almoço no Parque União (por adesão).
Informações sobre local e horário do ponto de encontro: 09:00 na passarela 10 da Avenida Brasil
Valor por pessoa: R$ 20 / pessoa
2. Inpenhado: Um Olhar Plural sobre a Formação do Subúrbio Carioca a Partir da Penha
Condutor: Vilson Luiz
Vagas: 25.
Duração prevista: das 9:00 às 12:00
Ementa, objetivos ou roteiro do campo: Uma aula de campo imersiva que se propõe a analisar a complexidade histórica, social e cultural do bairro da Penha sob a ótica de seus moradores. A caminhada é uma ferramenta pedagógica para desconstruir estereótipos e analisar a produção do espaço urbano, as manifestações culturais de resistência e a formação do patrimônio material, imaterial e afetivo da Zona Norte do Rio de Janeiro. O objetivo é que os participantes sejam capazes de perceber a evolução urbana do subúrbio carioca a partir de um ponto de observação estratégico; identificar as principais manifestações culturais do território (jongo, samba, funk, folia de reis) como formas de expressão e resistência; compreender o conceito de patrimônio imaterial aplicado à Festa da Penha e às tradições locais; debater as narrativas hegemônicas sobre as favelas, contrastando com a vivência e a potência apresentadas pelo Guia local; conectar a história local da Penha (povos originários e quilombos) com a história macro da cidade do Rio de Janeiro.
Informações sobre local e horário do ponto de encontro: 09:00 na Rua dos Romeiros, em frente à entrada principal da Igreja da Penha, próximo ao BRT.
Valor por pessoa: R$ 20 / pessoa
3. Madureira e a herança africana
Condutora: Raquel Oliveira
Vagas: 25
Duração prevista: das 9:30 às 12:00
Ementa, objetivos ou roteiro do campo: Viaduto de Madureira; CUFA; Baile Charme do Viaduto; Império Serrano; Mercadão de Madureira; Parque Madureira; Portela (escolas de samba e baile charme - visitas externas, entrada mediante autorização no local). O passeio acontece mesmo com chuva fraca.
Informações sobre local e horário do ponto de encontro: 9:30 em frente ao Banco do Brasil (Rua Carvalho de Souza, 181 - Madureira).
Valor por pessoa: R$ 20 / pessoa
4. Rio de Clarice
Condutora: Teresa Monteiro
Vagas: 25
Duração prevista: das 09:00 às 11:00
Ementa, objetivos ou roteiro do campo: Passear pelos caminhos claricianos no Leme, bairro onde a escritora viveu durante 18 anos e escreveu a maior parte de sua obra. Um percurso sobre a história do bairro e de Clarice Lispector. Caminho dos Pescadores Ted Boy Marino - estátuas Clarice e Ulisses; Pça Julio de Noronha/ Rua Gustavo Sampaio 88; depois seguir para Ipanema.
Informações sobre local e horário do ponto de encontro: Em frente as estatuas de Clarice e Ulisses Lispector no Caminho dos Pescadores Ted Boy Marino. Praia do Leme
Valor por pessoa: R$ 20 / pessoa
5. Negros passos do Valongo
Condutores: Melissa Anjos e Ruan Rocha
Vagas: 25
Duração prevista: das 10:00 às 13:00
Ementa, objetivos ou roteiro do campo: Nos vestígios do maior porto receptor de escravizados do mundo buscaremos as raízes do povo brasileiro e sua diversidade cultural, enriquecida de vasta herança africana e ainda envolvida por preconceitos. Seguiremos os passos através da história para entender a cidade, suas memórias e as tensões empreendidas através dos tempos na construção da urbe carioca. Uma caminhada repleta de conhecimento pela nova região portuária do Rio de Janeiro, redescoberta após os projetos do Rio Olímpico.
Informações sobre local e horário do ponto de encontro: 10:00 no Cais do Valongo, localizado na Avenida Barão de Tefé
Valor por pessoa: R$ 20 / pessoa
6. O Rio de Machado: do cortiço à favela
Condutor: Pedro Guilherme Freire
Vagas: 25
Duração prevista: das 09:30 às 11:30
Ementa, objetivos ou roteiro do campo: Esta atividade de campo propõe um percurso histórico-literário pelo Rio de Janeiro de Machado de Assis, explorando os espaços que marcaram sua infância e influenciaram sua obra. O trajeto parte da Ladeira do Livramento, onde o escritor nasceu, e segue pelas ruas, becos e ladeiras do atual Morro da Providência, revelando as transformações urbanas e sociais da cidade. Durante o percurso, serão visitados locais que contam histórias pouco conhecidas, como o despejo dos cortiços pós-abolição — entre eles o “Cabeça de Porco”, que chegou a abrigar cerca de 4 mil pessoas —, o surgimento do primeiro território urbano chamado “Favella” e os focos de resistência popular, como a Revolta da Vacina. O objetivo é articular a dimensão literária e histórica do Rio de Machado, compreendendo como suas experiências pessoais e o espaço urbano se entrelaçam na construção de sua visão crítica da sociedade. Roteiro: Central do Brasil; Cortiço “Cabeça de Porco”; Teleférico da Providência; Cemitério dos Ingleses; Cemitério dos Pretos Novos; Beco das Escadinhas do Livramento; Casa de Machado de Assis; Escadaria Costa Barros; Ladeira Madre de Deus; Cais do Valongo.
Informações sobre local e horário do ponto de encontro: 09:30 em frente ao Mc Donald`s dentro da estação da Central do Brasil.
Valor por pessoa: R$ 20 / pessoa
Orientações gerais para participação nos Grupos de Trabalho
Queridas, querides e queridos participantes,
Antes de mais nada, nós da comissão organizadora queremos agradecer o envio dos resumos para o nosso evento. Estamos muito contentes com a participação de tantas e tantos pesquisadores de diversos estados do Brasil. Vai ser muito bom recebê-las e recebê-los na nossa UERJ!
Estamos divulgando a lista de trabalhos por GT seguindo a
ordem do número de inscrição. Durante o processo de avaliação dos resumos, os
coordenadores e coordenadoras dos GTs tiveram autonomia para sugerir a
realocação de resumos em outros GTs, quando julgaram procedente, em razão de
afinidade temática e considerando a distribuição e quantidade de trabalhos recebidos. Informamos que
não serão realizados remanejamentos face à listagem apresentada.
Aos coordenadores e coordenadoras dos GTs cabe também a organização
das sessões temáticas das duas manhãs de apresentação dos GTs. A sequência de apresentação
dos trabalhos será de acordo com as sessões temáticas preparadas pela
coordenação dos GTs. A programação das sessões temáticas será divulgada no 1º
dia de realização dos GTs.
Todas as apresentações de trabalho serão realizadas nas
salas do curso de Geografia no Bloco F do 4º andar do Pavilhão Reitor João Lyra
Filho na UERJ, Campus Maracanã. A distribuição das salas de cada GT será
divulgada amplamente no 1º dia de realização do evento, presencialmente e por
meio do site do simpósio.
As apresentações terão a duração de até 10 minutos e o tempo
de debate se dará entre as sessões temáticas. Nossos Grupos de Trabalho são
pensados como espaços horizontais de discussão de temas, fenômenos de
pesquisas, metodologias e proposições teóricas e por isso deve o debate ser
privilegiado para ampliação das trocas e do fortalecimento da horizontalidade.
Todas as salas estão equipadas com computadores e aparelhos
de projeção, porém informamos que não teremos internet disponível nos
computadores e que apenas os GTs 2 e 4 contarão com equipamento de áudiovisual. Não
será possível o uso de computadores pessoais para apresentações.
Todas as apresentações deverão ser enviadas ao email do
simpósio (siecnepec@gmail.com) em formato PDF até o dia 27 de outubro para que
sejam colocadas nos computadores das salas. Os arquivos das apresentações devem trazer a indicação do número do GT e o nome completo de um(a) dos(as) autores(as).
Tal qual abaixo:
GT1_NOME_COMPLETO.pdf
Os Grupos de Trabalho terão início às 09:00 e se findam às 12:30. Para que o credenciamento não gere possíveis atrasos na chegada das pessoas participantes aos GTs, ele será realizado ao longo do 1º dia do evento, na quarta, dia 29 de outubro, entre 10:00 e 17:30 tal qual na programação disponível no site. E nos 2º e 3º dias do evento, o credenciamento começará após a realização dos GTs, das 12:30 às 17:30. Não há problema em participar do GT e só depois realizar o credenciamento. Teremos monitoras e monitores nas salas dos GTs que farão o controle da presença.
O credenciamento será realizado no hall do Bloco F do 7º andar, onde se realizam as atividades das mesas e conferências. Não haverá credenciamento no hall do Bloco F do 4º andar, onde serão realizados os GTs.
Finalmente, os certificados de apresentação são elaborados
por cada autor/autora/autore do trabalho. Informamos que os certificados de
apresentação são gerados automaticamente pelo site e estão condicionados ao
pagamento das inscrições por cada autor/autora/autore do trabalho. Portanto,
receberão certificados de apresentação de trabalhos apenas quem efetivou o
pagamento da inscrição, sendo isso válido para os trabalhos com uma autoria ou
com mais de uma autoria.
As relações entre o sagrado e o profano, sua espacialidade e relações de poder. A gênese e a difusão espacial da fé. Território e territorialidade religiosa. Peregrinações tradicionais e pós-modernas. Tolerância e intolerância religiosa. Religião e ciberespaço na hipermodernidade. Abordagens culturais e o horizonte humanista na produção e na representação do espaço geográfico em festas e festivais. Vivências, práticas, Geograficidade e experiências individuais-coletivas nos espaços e lugares festivos. Representações do espaço na produção literária.
As dimensões espaciais da cultura na análise de imagens. O papel da visualidade na construção do conhecimento e na difusão de formas de se imaginar os espaços. Caminhos teórico-metodológicos no uso de mapas, fotografias, filmes, pinturas, videogames e desenhos como fenômenos de estudo. Debate sobre visualidades e textualidades no ensino do conhecimento geográfico. Uso de metodologias visuais na pesquisa geográfica.
GT 3 - Geografias históricas e geografias do conhecimento
Produção, circulação e tradução do conhecimento. Histórias das abordagens culturais na Geografia. Histórias das ideias e das práticas geográficas. Trajetórias intelectuais e histórias institucionais. Debates metodológicos. Relações históricas entre sociedade e natureza. Produção e transformação dos ambientes ao longo do tempo. Conflitos ecológicos e territorialização de saberes. Saberes ambientais e práticas espaciais. Tradução e circulação de discursos sobre a natureza. Diálogos interdisciplinares entre Geografia, História e Ecologia Política. Fontes e arquivos nos estudos de Geografia Histórica. Ensino de Geografia Histórica. Epistemologia da Geografia Histórica. Geografia Histórica: sujeitos e práticas. Metodologias de pesquisa em história da geografia, geografia histórica e história ambiental.
Linguagens sonoro-musicais do conhecimento geográfico. Sons e as músicas como recursos de representação e imaginação e seu papel na produção dos conhecimentos geográficos. Contribuições e potencialidades das músicas e das sonoridades na produção e ensino do conhecimento geográfico. O papel da arte na experiência espacial e nos lugares de pertencimento.
Debates teórico-metodológicos sobre gênero em sua relação com o espaço. Possibilidades de discussão e reflexão através de lentes interseccionais na geografia cultural sobre gêneros, sexualidades, teorias feministas e questões de identidade e diferença como categoria e agente na construção de espacialidades. Epistemologias feministas na geografia. Espaço e corpo na produção de territorialidades. Perspectivas interseccionais de raça, gênero, classe, sexualidade etc. e espaço. Relações entre espaço e poder (ou “espaço, poder e o simbólico”) segundo dinâmicas de gêneros e sexualidades. Teoria e espacialidades queer.
GT 6 - Geografias negras, indígenas e perspectivas decoloniais
Desenvolvimento temático e conceitual sobre racialidades na geografia brasileira. Capitalismo racial, racismo ambiental e resistências urbanas e rurais de comunidades indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. Teorias decoloniais e anticoloniais e seus impactos nas pesquisas em geografia. Dimensões espaciais e relações de poder na racialização dos corpos e grupos sociais no processo de colonização. Mobilidade afrodiaspórica e seus impactos na circulação de saberes. Teoria e metodologia para o desenvolvimento de geografias pretas.
Margens urbanas e periferias se inscrevem nas formas de habitar, narrar e imaginar a cidade marcadas por disputas simbólicas, políticas e afetivas inscritas no tempo, sempre sob efeito de processos de acumulação e despossessão. Tais espaços dinamizam a vida, transformam as paisagens e reconfiguram as fronteiras do urbano. São, assim, elementos estruturantes da urbanização, cujas múltiplas escalas e dinâmicas servem como chaves de leitura da cidade. O GT convida trabalhos que abordem as periferias como territórios vivos, heterogêneos, em constante produção, com temas como: periferias como paisagens vividas da urbanização contemporânea e campos de produção de saberes e experiências situadas; produção histórica das desigualdades, territorialização das margens e resistências construídas por sujeitos periféricos; categorias como favela, conjunto, quebrada, subúrbio e seus usos políticos, simbólicos e epistêmicos a partir das próprias margens; práticas culturais, modos de habitar e experiências cotidianas nas periferias como formas de agência e produção de conhecimento; imaginários urbanos, disputas narrativas sobre o espaço e contranarrativas forjadas por sujeitos e coletividades periféricas.
GT 8 - Violência, poder e direitos humanos: territórios em disputa nas cidades
Relações entre violência, direitos humanos e espaço, considerando as diferentes formas de soberania e controle territorial em curso nas cidades. Dinâmicas de poder que configuram a produção e apropriação do espaço por meio da violência. Processos territoriais e de territorialização por meio da ação de grupos (i)legais e seus impactos na violação ou garantia de direitos humanos. Papel da violência material e simbólica no cotidiano urbano, moldando práticas sociais e relações de poder. Comunidades morais e agenciamentos na construção de mercados legais e ilegais nas metrópoles. Redes, poder econômico e limites da ação do Estado na produção de direitos humanos e justiça social.