UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
13, 14 e 15 de Junho
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
19, 20 e 21 de Junho
Assim como em suas três edições anteriores (2017, 2019 e 2021), a SPMob2023 tem por objetivo difundir a virada das mobilidades na teoria social (Sheller & Urry, 2006; 2016; Singh et al, 2018; Allis, Moraes & Sheller, 2020). A partir do par “memórias & futuros”, a nossa Quarta Escola de Ciência Avançada em Mobilidades convida a refletir sobre os fluxos, os fixos e as fricções (Freire-Medeiros & Lages, 2020), sobre as mobilidades socioespaciais e suas dinâmicas de presença e ausência, de proximidade e distância, no cruzamento com múltiplas escalas de tempo.
Nos marcos do capitalismo, as mobilidades são um recurso tanto imprescindível quanto desigualmente distribuído. Essa ambivalência se acentua no contemporâneo e sugere futuros inconciliáveis entre crescimento, prosperidade e produtividade em um planeta sob risco. Por outro lado, uma abordagem baseada em utopias e políticas coletivas guarda o potencial de desenhar futuros de "mobilidades justas" (Sheller, 2018) nos sentidos materiais, simbólicos e afetivos.
Falar em memória é dizer daquilo que é acúmulo e perda, arquivos e restos, lembrança e esquecimento. Sua fixidez será sempre relativa, um processo de reconstrução permanente, com o corpo e o lugar funcionando como eixos de orientação (Pearce, 2019). A memória é conceito-chave para quem trabalha, por exemplo, nos campos dos estudos migratórios e conflitos politico-étnico-religiosos, em que os traumas e injustiças do passado — distante ou recente — são resgatados, processados, ressignificados por meio dos testemunhos (Cohen, 2008; Causevic & Lynch, 2011). Os estudos de memória e os estudos de mobilidade, porém, têm permanecido como campos de pesquisa com pouca interlocução (cf. Tošic; Palmberger, 2016). Nesse sentido, o exercício de mobilizar a memória implica menos a invenção de um objeto e mais o refazer de fronteiras epistemológicas e metodológicas.
As inteligências sobre o futuro, por sua vez, impõem um convite intelectual para se borrar as fronteiras entre pesquisa e experimentação em um “laboratório de ilusões” (Gwiazdzinski, 2020). Mobilizar futuros envolve imaginar novas rotas para questões sensíveis, reconhecendo que a antecipação das mobilidades no porvir se dá na identificação de quem nos move e comove, do que nos faz seguir e pausar. É a potência da imaginação diante do que poderia ser de outra forma, do indeterminado e do que se presta à contestação (Urry, 2016).
Desde sua primeira edição, a SPMob vem estimulando o debate teórico e metodológico pela perspectiva das mobilidades (consulte os detalhes das edições de 2017, 2019 e 2021). Por isso, um dos pontos altos das Escolas de Ciência Avançada em Mobilidades são, sem dúvida, os Ateliês de Pesquisa, em que mestrandas/os e doutorandas/os têm a oportunidade de discutir seus projetos de pesquisa com um corpo de especialistas, com a expectativa de que a análise das mobilidades possa lhes proporcionar aportes interessantes. Sem restringir escolhas temáticas ou metodológicas, estamos interessadas em candidaturas que, a partir de um objeto empírico bem definido, se engajem com a grade analítica das mobilidades.