A VI Semana de Consciência Negra é um evento
realizado pelo Campus Pau dos Ferros do Instituto Federal do Rio Grande
do Norte (IFRN) e organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e
Indígenas (NEABI) do Campus. O evento é organizado com a participação de
discentes, docentes, colaboradores de outras Instituições de Ensino e faz parte
de uma mobilização sistêmica dos NEABI’s do IFRN.
Neste ano, o tema "Aquilombar-se, resistir/existir e romper estruturas" emerge como um ato político e faz referência
ao conceito de “aquilombamento” e “racismo estrutural”, analisados, respectivamente,
com profundidade, por intelectuais negros como Beatriz Nascimento e Silvio de
Almeida. Nesta edição, trazemos uma programação plural e interdisciplinar,
mostrando que a temática é transversal das humanidades às exatas.
Para a historiadora Maria Beatriz Nascimento, o
quilombo é mais que uma ideia localizada no passado, é um contínuo cultural de
aglutinação, de agregação da comunidade e sua resistência pelo reconhecimento e
preservação dos símbolos do povo negro. Do “quilombo” desenvolve-se a ideia de
“aquilombamento”, fruto do ato de resistência nascido nos quilombos e transposto
para a atualidade. O ato de aquilombar-se é estratégia de resistência e
coletividade na experiência diaspórica. Assim, como nos instiga Maria Beatriz
Nascimento, aquilombar-se é buscar o quilombo, ser quilombo, como corpo e
existência política.
Essa existência requer assumir a fatualidade das
estruturas excludentes brasileiras e, por isso, romper as estruturas, no
sentido mais cruel do nosso “racismo estrutural”, perpassa por esse
aquilombar-se. Como nos define o jurista e filósofo Silvio de Almeida, o
racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo
“normal” com que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e
até familiares, não sendo uma patologia social e nem um desarranjo
institucional. Por isso, o racismo é estrutural. Comportamentos individuais e
processos institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e
não exceção. A luta para romper as estruturas racistas de nossa sociedade é
colocada como um compromisso do nosso evento, dentro de um projeto educativo
democrático e antirracista.
A comissão organizadora convida a todes para
construir juntes esse ato político de resistência. Vamos romper as estruturas!