“DIADORIM, MINHA NEBLINA”: NARRATIVA, MEMÓRIA E DELÍRIO NA MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA FIGURADA NO SERTÃO ROSIANO

Publicado em 19/08/2022 - ISBN: 978-65-5941-789-6

Título do Trabalho
“DIADORIM, MINHA NEBLINA”: NARRATIVA, MEMÓRIA E DELÍRIO NA MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA FIGURADA NO SERTÃO ROSIANO
Autores
  • Joana Barros
Modalidade
Apresentação de trabalho em simpósio temático
Área temática
ST16 - A Memória e a Escrita da História da Cidade na perspectiva do Tempo e do Espaço: Histórias, Narrativas Orais, Movimentos Sociais e Literatura Memorialística
Data de Publicação
19/08/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xviencontronacionaldehistoriaoral/488606-diadorim-minha-neblina---narrativa-memoria-e-delirio-na-modernizacao-brasileira-figurada-no-sertao-rosiano
ISBN
978-65-5941-789-6
Palavras-Chave
Grande Sertão: Veredas; formação social brasileira; história e memória; memória e literatura
Resumo
“Sertão: estes seus vazios. O senhor vá, alguma coisa encontra”. Com este convite-alerta, Guimarães Rosa constitui em Grande Sertão: Veredas um mapa alegórico do qual o Brasil surge da memória e histórias contadas por Riobaldo. Por suas histórias, nos rastros de sua experiência, emerge o processo de modernização e da experiência política brasileira. Tomo aqui a personagem Diadorim como alegoria, para pensar os impasses e tensões da modernização brasileira e a formação social brasileira; e com isto, discutir as relações entre experiência, memória e história no âmbito de nossa formação social e política recente. O trabalho de memória de Riobaldo não é um ato solitário de um demiurgo, tampouco a recordação intimista de uma perda. Rioblado está narrando o Brasil a partir da sua memória de Diadorim. Diadorim seria, então, um médium de reflexão de sua experiência. Diadorim é mais que uma lembrança, ou o acesso a esta narrativa. Diadorim é em si a possibilidade da partilha da experênica em dupla acepção de partilha: aquilo que aproxima e aquilo que distancia. Figura peculiar, como uma trânsfuga, uma miragem... uma neblina, como chama Riobaldo, Diadorim é fundamental nesta narrativa, não por foi personagem dos grandes atos de inauguração, mas justamente porque pelas Veredas do Sertão, constitui a possibilidade de se pensar e viver no Sertão. Neblina e loucura. Em sua narrativa, trabalho da memória, Riobaldo aproxima Diadorim da loucura, de um desassosego, relembra em tom de quase delírio as muitas situações partilhadas e em especial, os inícios partilhados. Figura iniciática, é com Diadorim que Riobaldo faz sua primeira travessia do Velho Chico; ouve o canto dos pássaros; atravessa o Liso do Susuarrão e lá encontra os seres desfigurados pela miséria no fundo do fundo Sertão. A desmedida – a experiência da loucura provocada pela neblina – é justamente porque o mundo se abre à possibilidades de intervenção, ao pensar seus sentidos e a legitimidade da experiência vivida, o “descanso na loucura” que a amizade-amor por Diadorim permitiu vislumbrar. O delírio encarnado em Diadorim, nesta perepectiva, é a forma de dar sentido à perda de sentido que o mundo significa tanto diante do novo, do “incomeçado”, quanto desta perda, deste atordoamento, deste ‘sem sentido’ em longa duração que muitas vezes é verbalizada na narrativa de Riobaldo, e tomada como imagem de incompletude da formação política brasileira. Diadorim, rastro da subjetivação política dos “invisíveis”, das camadas populares no Brasil, revela a disputa dos sentidos da própria existência da comunidade política e dos sentidos de nossa formação. Abre assim a possibilidade de repensar as relações entre história, experiência, memória e literatura. É esta vereda que buscamos trilhar neste texto.
Título do Evento
XVI Encontro Nacional de História Oral - Pandemia e Futuros Possíveis
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Pandemia e Futuros Possíveis: Anais do XVI Encontro Nacional de História Oral
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BARROS, Joana. “DIADORIM, MINHA NEBLINA”: NARRATIVA, MEMÓRIA E DELÍRIO NA MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA FIGURADA NO SERTÃO ROSIANO.. In: Pandemia e Futuros Possíveis: Anais do XVI Encontro Nacional de História Oral. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/XVIEncontroNacionaldeHistoriaOral/488606-DIADORIM-MINHA-NEBLINA---NARRATIVA-MEMORIA-E-DELIRIO-NA-MODERNIZACAO-BRASILEIRA-FIGURADA-NO-SERTAO-ROSIANO. Acesso em: 25/04/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes